Talo
As flores, entregues de graça pro homem de uniforme, foram rejeitadas e jogadas no chão. Pisadas pelas botas. Brancas de caule verde, tinham que ter sido mergulhadas num vaso com água. Ou plantadas na terra adubada. Acabaram sufocadas no asfalto quente. As marcas do calçado, de cano longo tamanho adulto, apagaram a ternura que sobressaía. Agora estão mortas. Deslocadas da vertical pra horizontal. Amassadas até o talo. São órgãos reprodutores de angiospermas que, em posse de quem cuida, regados, produziriam sementes. Perfumariam e embelezariam espaços abertos ou fechados. Na despedida, quando retiradas do jardim pela menina que levou, cumprimentaram árvores, riachos e animais que cantam. Saíram convictas. De coração aberto, viajaram em prol da justa causa. Não contavam com a reação violenta ao carinho explícito.
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Tudo por uma causa justa... Parabéns!
ResponderExcluirMuito bom texto!! Ah, gostei da botânica (angiospermas!!)..rs...parabéns!
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