Tinta

Caminhões grandes, numa noite chuvosa, andavam em alta velocidade no sentido contrário da pista. Botavam medo no motorista que vinha de frente. Tanto que fechava os olhos quando passavam do lado. Num carro de passeio, com o limpador de para-brisa ligado, guiava nervoso com duas mãos no volante. Ônibus também assustavam. Tá melhor que antes, mas não dirige bem ainda. Precisa de estrada. É relativamente jovem, tem 34 anos. Do nascimento ao sexo, 16. Não lembra como gozou. De propósito, pra esquecer, produz pensamentos desconexos. Latas de água doce sem pirulito descascado no planeta. Passou tinta colorida na massa cinza. Pra superar, adotou uma tática. Manteve os olhos abertos, aguentou o frio na barriga e seguiu na faixa que ocupava.

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