Faca

O tomate, puro, chegou cortado na salada. Parou em cima da alface e, de imediato, tomou um banho de azeite, sal e vinagre. Isso mais quatro palmitos e uma cebola. Vivia triste. Na semana da morte, catado pela mão suja de um trabalhador rural, imaginou que se daria bem. Escapou da mesmice e apareceu num saco cheio de contemporâneos. Felizes, brincavam e cantavam pagode. Lembrou com carinho da planta à qual esteve preso. Ainda refletia quando, desleixadamente, jogaram todos pra fora. Um velho maduro, quase podre, bateu na quina e furou no meio. O líquido que escorreu caiu na pele de Artur. Batizado pelo pai, o alimento confundido com legume foi lavado antes de entrar na faca.

7 comentários:

  1. Nem sempre tenho tempo, embora me sobre vontade, de ler seus escritos cada vez melhores. Parece discípulo de Padre Antônio Vieira que ensinava: "não há nada que não se possa dizer em 20 linhas.
    Você diz mais em menos.
    Parabéns!
    Sua fã de sempre e amiga do coração.
    vera marina
    vera marina

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  2. Excelente camarada...
    Sabe camarada, não sei se foi com essa intenção, mas acho que o texto pode ser uma menção ao povo brasileiro (tomates) e sua história política...
    Agora diga aí: artur era gostoso? rs

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  3. Grande Renatinho, eu lembrei logo da minha dieta ehehehehehehe. saudades, beijos.

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  4. Obrigado, agora vou comer salada pensando no Artur, vai ser triste, mas vou continuar comendo.

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  5. Depois do comentário do meu querido Tio Flico, nada mais tenho a declarar. Boa, macaco!

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  6. Não gosto de tomate,mas gostei muito do texto.
    Fiquei com dó do Arthur !
    Parabéns pela inspiração !
    Tia Leila

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