Beijo

Um beijo frio, morto antes de nascer, brotou vazio de ambos os lados. Aconteceu por conveniência, fruto do tédio experimentado pela dupla. Melhor não ter dado. O encontro das línguas, promovido de comum acordo, passou longe de provocar tesão mútuo a ponto de virar sexo. Foi bom no dia seguinte. Aproveitaram afastados e indiferentes. Maurício e Roberta ficaram a sós e ninguém reparou. Comentaram a situação, trocaram informações pessoais e pararam de falar. Prosseguiram calados até o rapaz sugerir o contato labial. Agora, depois de tudo, mantêm distância um do outro.

2 comentários:

  1. Jandira disse:
    Formidável!
    Cada vez vc. surpreende e, por isto, parei de ler romances, contos e tantos outras páginas inúteis.
    Vc. é a síntese que todo bom escritor precisa.
    O casual de hoje retrata o dia-a-dia e o beijo frio de tudo que se torna rotina e tédio.
    Valeu, Renato!

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  2. Esses erros acontecem...sempre se ganha com o aprendizado...

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