Peixes II

De repente a porcentagem de oxigênio no ar caiu de 20 para 10%. Suficiente apenas para metade da população, a quantidade disponível foi disputada a tapas pelos cadáveres em potencial. Homens frágeis, mulheres, crianças e outros tipos de animais farejadores foram exterminados. Já os mais fortes, sobreviveram tranquilamente até se darem conta de que, no calor da disputa, esqueceram o lado digestivo da coisa. Só sobraram os peixes e vegetais para comer. Enquanto as plantas estavam a salvo graças ao resultado da fotossíntese, os escamosos lamentavam o fato de se movimentarem a esmo e caírem em armadilhas infantis. Um deles, por exemplo, fez questão de abocanhar o misterioso alimento prateado em forma de interrogação. A luta pela vida estava em alta no fundo do mar. Assim como os humanos no início do texto, os nadadores sem braço também sentiram na pele o efeito da parceria entre a seleção natural e o livre arbítrio. Os avantajados logo fixaram território em locais seguros e mandaram as tainhas e tilápias para o pelotão de frente.

7 comentários:

  1. Os avantajados sempre se dão bem. Eu, tainha que sou, vivo naufragando no mar das minhas impossibilidades. Ótimo texto.

    beijos

    vm

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  2. Ainda estou meio confuso se estou mais para Tilápia ou Avantajado...
    Abraços Nobreza* !

    obs.: *Classe dos nobres, indivíduos que têm título (de conde, duque, etc.) e certos privilégios concedidos por um soberano.

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  3. Como sabes, sou um avantajado. Rá! Belas palavras, xerelete!

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  4. Como de costume, totalmente excelente!!!

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  5. Estou mais pra tainha... hauhuahuhaha
    Conto demais de bãooo!

    =)

    beijos

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  6. a rapeize do pelotão de frente se faz presente.
    Abraissssssssss

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